quinta-feira, 15 de maio de 2008

O torcedor



Como nasce um torcedor? Que trama de escolhas leva alguém, desde criança, mas não necessariamente desde criança, a identificar-se com um conjunto de cores, feitos, pessoas, atitudes que formam um time de futebol?

A história do clube terá influência? Na fase infantil, é certo que não. Criança não sabe nada das histórias do time, não acumulou títulos na memória, não sabe de jornadas históricas, de jogadas inesquecíveis, de heróis do passado. Não é isso que a fisga, é alguma coisa do presente. O que será?

As cores, talvez? Pode ser que uma criança tenha preferência por alguma cor, mas que ela vá ligar isso a um time de futebol, sei não. Para complicar, a maioria dos clubes tem duas cores, alguns três. Alvinegro, rubro-negro, tricolor – esses nomes e as cores que nomeiam terão algum peso na escolha?

A influência dos pais é forte, com certeza, mas não definitiva, não vale para todos.

O que, então, faz nascer o palmeirense, o flamenguista, o vascaíno, o santista, o botafoguense, o ponte-pretano?

As vitórias, as glórias, os gritos dos locutores, o rumor da torcida, os títulos – será isso que faz nascer o torcedor de um clube?

Uma coisa parece ser verdadeira: a relação cresce forte é com os times da própria terra, da própria cidade. Torcer é uma forma de bairrismo. Era. Sei lá. Alguém pode até gostar de um Barcelona, um Manchester United, um Boca Juniors – mas acaba sendo só amizade, simpatia. Em futebol, o que conta é amor e paixão. O homem dos estádios pode trair a mulher e até bater nela, mas ao time ele é fiel e trata bem.

Essa escolha é um dos mistérios da alma humana, que depois se mostra em impressionantes espetáculos coloridos de cantos, fantasias, pinturas corporais, danças, brados, urros. Ninguém ensaia, e tudo dá certo. Mistério


Por Ivan Angelo

Na íntegra : O torcedor

6 comentários:

Edgard disse...

Ótimo texto, eu mesmo sou torcedor do flamengo desde bebê. Meu tio é flamenguista fanático e todo presente que eu ganhava dele era algo do flamengo. Lembro que gostava de futebol, assistia o flamengo, mas nada de torcer, só pela seleção.
Acho que foi na copa de 90 que eu realmente entendi como campeonatos funcionavam e comecei a torcer de verdade. E em 92 foi o ano em que eu realmente torci pelo flamengo, quando ele chegou, meio que sem querer pras finais do brasileirão. E o melhor, foi campeão. Depois disso sou flamenguista até morrer.

Anônimo disse...

Acredito mesmo, que os pais influencia sim... Mas a fase do time também!
A criança acaba se empolgando pelo time que sempre ganha, que faz festa nos estádios!
Eu sou corinthiana desde pequena, meu pai me ensinou que amor pelo time é igual casamento, na alegria e na tristeza! hahah
Cresci com isso na cabeça!

Debora Ferreira disse...

POis é... eu herdei do meu pai o amor pelo Gaalo... mass tipo, o Galo bombava quando eu era pequena !E tinha o taffarel ex-galo na seleção née... acho que isso atrai muito... se o pai gostar de um time que nao esteja numa boa fase, a gente acaba sendo influenciado pelos amigos maqis proximos ! ou entao vira trcedor do corinthians ou do flamengo ! AHSOAHASOIHSAOASHI

Anna Flávia disse...

Ótimo texto.

Eu lembro do primeiro jogo do Corinthians que assisti (1990). Aquela torcida, os gols, a vitória, juntou com as cores... Não deu outra. Paixão a primeira vista. Até ali eu tinha uma simpatia pelo náutico, por causa da minha mãe - que hoje torce mais pelo corinthians que pelo náutico por minha influência. =)

Osc@r Luiz disse...

Acho que o torcedor é um iludido.
FIcamos aqui, torcendo,acelerando nossos corações (o Grêmio sempre me faz isso), arriscando a nossa saúde, enquanto eles pensam em patrocínio, em prêmios e contratos milionários.
É bem diferente o lado de cá, do lado de lá...

Murdock disse...

Todos nascem Flamengo. Alguns degeneram...