Quem é que nunca se perguntou como nasceram os campeonatos estaduais? Aqui na Bahia não é diferente. Pois, há pouco mais de um ano, escrevi uma série sobre os pioneiros do futebol nordestino, no blog FutNordeste, do Olé! Olé! Brasil. Então, gostaria de republicá-lo, para que todos tenham acesso à história do Baianão, dos seus primeiros campeões e conhecer um pouco de Zuza Ferreira, o introdutor do esporte na Terra de Todos os Santos.
"O FutNordeste apresenta sua nova série. Desta vez vamos procurar retratar aqueles que deram o pontapé inicial à prática do futebol nos 9 estados da região.
E para começar, vou trazer a história de Zuza Ferreira, o pioneiro do futebol baiano. Mas para entendermos como a redondinha chegou a nós baianos, vamos fazer um resumo sobre a chegada do esporte no Brasil.
O ano era 1894, faltavam apenas quatro anos para a promulgação da República, pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que acabava com a monarquia no país. No porto de Santos, desembarcava um jovem filho de ingleses, vindo da Inglaterra onde foi para estudar e se formar. Junto com este jovem, estavam dentro de sua bagagem, bolas, camisas, calções, meias, chuteiras, uma bomba de enchimento e um livro de regras.
Nascia naquele ano o futebol no Brasil e seu introdutor era Charles Miller. Charles Miller, ao retornar da Europa, trabalhou na Companhia Paulista de Trens, a São Paulo Railways Company. Detalhe: foi também Charles Miller que introduziu o rúgbi por aqui, e que voltará às Olimpíadas em 2016.
Um ano após seu retorno, organizou a primeira partida oficial entre clubes. De um lado, o time da São Paulo Railways, do outro, a equipe da Companhia de Gás. O primeiro jogo de futebol do país, aconteceu na Rua da Várzea do Carmo, na capital paulista. Depois da empreitada de Miller, os outros estados do país tiveram seus pioneiros. Na Bahia, o esporte foi trazido por um jovem soteropolitano, que trabalhava no British Bank. Seu nome era José Ferreira Júnior, ou Zuza Ferreira.
Zuza retornou da Inglaterra, de onde, assim como Miller, foi estudar e se formar, para na volta, trabalhar num cargo importante na filial do Bank of London. Em 1901, Zuza e alguns amigos, deram o pontapé inicial ao primeiro registro de um jogo de futebol no estado. A partida aconteceu no antigo Campo dos Mártires, hoje Largo do Campo da Pólvora, em Salvador.
Após esta partida, logo o futebol ganhou corpo na capital baiana e surgiram então os primeiros clubes. Todos ligados à aristrocacia de Salvador. Os primeiros clubes da cidade a praticarem o novo esporte foram o Bahiano de Tênis, o Internacional de Crícket, o São Salvador, o Esporte Clube Vitória, o Santos Dumont, o Ypiranga, a Associação Atlética e o Sport Club Bahia, antecessor do Tricolor de Aço.
Com estas equipes, juntamente com o Botafogo Futebol Clube, nascia o segundo campeonato estadual mais antigo do Brasil, depois do paulista, disputado em 1905. Foi o primeiro campeão baiano, o Club Internacional de Crícket. Mas o time da colônia inglesa havia se tornado o primeiro a conquistar o troféu jogando contra apenas três desafiantes: o Vitória e o Bahiano de Tênis.
Como citado antes, o futebol nos primórdios de sua disputa na Bahia, era praticado por desportistas da classe elitista da cidade. Quem quebrou as regras e trouxe a comunidade operária e excluída ao esporte, foi o Ypiranga, que acabou se tornando o principal clube do estado nos primeiros anos do Baianão. Isso, até o início da década de 30, quando surgiu o Esporte Clube Bahia, hoje, o maior detentor de títulos do nosso futebol.
Graças ao pioneirismo de jovens entusiastas como Miller e Zuza, hoje o futebol se confunde com o modo de vida do brasileiro e trouxe um pouco de alegria a este sofrido mas, batalhador povo. O futebol, é sem dúvida, o ópio do povo."
Texto extraído do blog FutNordeste, Série especial: Os Pioneiros, publicado em 25 out. 2009.
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