Não. Não posso e não devo.
Esse foi o ano do centenário do Coritiba e, vamos e venhamos, foi um centenário que não passou em branco.
Bom, vou começar pelo mais fácil, a parte boa, as festas.
Não foram poucas. Entre tantas, tivemos um jantar gigante [com direito a registro no Guinness Book como maior jantar já promovido por um clube de futebol], uma viagem de trem [já narrada neste blog] para o amistoso que reconstituiu o primeiro jogo do Coxa, um programa de tv maravilhoso contando a história dos primeiros 100 anos do clube na Sportv e muita festa por toda a cidade em 12 de outubro.
Mas sim... E o futebol?
O [sofrível] campeonato paranaense com sua fórmula ridícula que se repetirá em 2010 passou longe das mãos do Coxa.
3º lugar.
O título ficou com o Atlético e o vice com o J. Maluceli, clube-empresa que agora se chama Corinthians Paranaense.
E o que qualquer diretoria faria ao perder um campeonato medíocre? Reforços!
Mas não... O Coritiba teve apenas dois reforços que realmente animaram a torcida em 2009. Marcelinho Paraíba e o técnico René Simões.
Dois reforços, duas decepções.
René não conseguiu imprimir a mesma mágica da série B de 2007 [mas ainda tem lugar garantido no coração da torcida Coxa].
E o Marcelinho?... Ah! Marcelinho... É bom que o cofre do São Paulo esteja reforçado pois o homem só joga quando quer dinheiro.
Acham que estou sendo injusto? Até a renovação do contrato com o Coxa, quando embolsou um dinheiro gordo, ele brigava pela artilharia do Brasileirão. Isso foi em setembro e da assinatura até o final do campeonato só fez mais 3 gols, sendo um deles de pênalti.
Isso sem falar no boato de que houve uma briga no vestiário durante o intervalo do último jogo [contra o Flu] porque alguns jogadores teriam pedido um 'extra' para salvar o Coxa do rebaixamento. Prefiro acreditar que isso seja maldade e que aqueles que vestiam a camisa alviverde eram, acima de tudo, homens de respeito.
Enfim, veio a Copa do Brasil. 5 minutos de bobeira contra o Inter lá em Porto Alegre [e qualquer um sabe que 5 minutos de bobeira contra o Inter lá são fatais] foram suficientes para acabar com o sonho. Tarefa quase impossível para o jogo da volta. Não para a torcida. Ali surgiu uma das maiores festas do futebol brasileiro, o Green Hell. O inferno verde passou a assustar os adversários. E quer saber o que é mais legal? A festa não era das torcidas organizadas nem da diretoria. Os torcedores comuns colaboraram com o que quiseram ou puderam. R$0,50... R$1,00... E o Couto Pereira explodia em fogos e luzes verdes a cada noite.
Se me permitirem, gostaria de falar só dos bons momentos.
Eu vi o Coxa bater o Grêmio de virada, vi um São Paulo acuado [no primeiro jogo que minha filha mais nova me pediu para levá-la], vi também o futuro campeão brasileiro, Flamengo, ser goleado impiedosamente, vi um Atletiba mais que emocionante, com gol do ex-atleticano Marcos Aurélio bem no finalzinho...
E vi, sim, eu vi [apavorado]... todo aquele tumulto quando acabou o jogo contra o Fluminense. Tumulto que teve um efeito devastador sobre a VERDADEIRA torcida coxa-branca. Não fui só eu que senti isso. Mais gente me falou a mesma coisa. Parece que apertaram o off... Que futebol não existia. Vai demorar um pouco ainda para as coisas voltarem ao normal
Mas o futebol não teve destaques positivos?
Claro que teve!
O Coritiba tem dois dos melhores goleiros do futebol nacional. Vanderlei e Edson Bastos.
Os dois fizeram milagres, principalmente se levarmos em conta a defesa lenta que tinham a sua frente.
Donizete é um leão no meio-campo e Renatinho tem tudo para virar craque.
E claro, El Loco. Ariel Nahuelpan. A personificação da raça que a torcida tanto pedia.
Ariel pode não ter todo refinamento no toque de bola que se espera, mas é um monstro na vontade que tem de ganhar.
E que venha 2011 já que o STJD tirou 2010 da torcida que nunca abandona.